segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Investimentos para combater desmatamento em florestas tropicais ganham vulto em Bali

“Durante as discussões sobre as Mudanças Climáticas, que contam com negociadores de 190 países em Convenção da ONU que ocorreu em Bali até o dia 14, foi unânime a convicção de que as florestas têm um papel fundamental para o equilíbrio do clima do planeta e por isso precisam ser imediatamente conservadas.
Por isso, enquanto no âmbito político das negociações muitos pontos ainda precisam avançar, investimentos de países industrializados, que possuem metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, e organismos internacionais, como o Banco Mundial, estão sendo anunciados em Bali e chegam a cifras de biliões de dólares nos próximos quatro anos.
O governo norueguês, por exemplo, informou que investirá um total de 2,7 biliões de dólares entre 2008 e 2012 (período de vigência do Protocolo de Kyoto) para apoiar países em desenvolvimento a diminuir o desmatamento. Essa cifra representa cerca de 5% do que o Relatório Stern calculou ser necessário para acabar com a destruição das florestas pelo mundo.
Já o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, veio à Indonésia lançar o "The Forest Carbon Partnership Facility (FCPF)" – um mecanismo de financiamento cuja finalidade é compensar economicamente países em desenvolvimento que consigam implementar projectos para reduzir emissões de gases do efeito estufa através do combate ao desmatamento.
Embora essas iniciativas possam sinalizar o início de um novo tempo para as florestas tropicais, alguns representantes da sociedade civil mantém um certo ar de cepticismo em relação às iniciativas dos investidores.
"O lançamento desse fundo revela a hipocrisia do Banco Mundial, que anuncia estar trabalhando no combate às mudanças climáticas, enquanto continua a financiar o sector de combustíveis fósseis", ressaltou Daphne Wysham, co-diretora da Sustainable Energy & Economy Network (SEEN).
Ela enfatizou ainda que o Banco Mundial (através do International Finance Corporation - IFC) investe anualmente 17 vezes mais em projectos relacionados à geração de energia através de combustíveis fósseis do que injecta no recém criado Fundo da Terra (Earth Fund) também lançado em Bali com a proposta de combater os efeitos das mudanças climáticas, que recebeu 10 milhões de dólares do IFC e 60 milhões do GEF (Global Enviroment Facility).
Para a ong TFG (Tropical Forest Group), que promoveu uma manifestação em Bali com a destruição de árvores infláveis representando a lentidão nas negociações sobre desmatamento, o importante é definir o funcionamento do que vem sendo chamado de REDD (Reduce Emissions from Deforastation in Developing Countries). Os negociadores precisam esclarecer como o REDD funcionará, constituindo-se como um mecanismo de mercado tal como se dá com o carbono ou um fundo a ser acessado pelos países detentores de florestas tropicais em apoio à redução das emissões.
O desafio dos negociadores em Bali está em como criar mecanismos formais para preservar as florestas e como criar formas de valoração para os chamados serviços florestais, incluindo desde a riqueza genética da biodiversidade presente nestes ecossistemas até o importante papel de absorver C02 e regular o clima planetário.
Somente as árvores da Amazônia contêm pelo menos 100 biliões de toneladas de carbono, equivalentes a 15 anos de emissões globais originadas em todas as fontes naturais e humanas, segundo cálculos de Dan Nepstad, cientista do Centro de Pesquisas Woods Hole, que divulgou em Bali o informe "The Amazon's Vicious Cycles: Drought and fire into greenhouse" (Os círculos viciosos da Amazônia: seca e incêndio na estufa), apresentado pela ONG WWF.

Juliana Radler viajou a convite do IIJ – International Institute for Journalists – da organização alemã Inwent.
*De Nusa Dua/Bali – especial para a Revista do Meio AmbienteJuliana RadlerSumaúma Documentários Socioculturais e Ambientais (21) 2210-2192 / (21) 8806-5808Skype: juliana2817MSN: julianaradler@hotmail.com

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