terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Dos ambientes

Caros Colegas

Na senda do meu grupo, e apesar de ter mandado um e-mail "interno" de agradecimento aos meus companheiros de trabalho, não resisto ao mote lançado e também me balanço numa avaliação do que foram estes ambientes.

Fazendo justiça pela precedência, o ambiente de Ambiente. Elevado e iluminado. Rico e, sobretudo, Universitário. A Academia no seu melhor. Obrigado, Senhor Professor. Fez-nos sentir gente grande a aprender.

Os ambientes do Ermo... Tal como o próprio lugar, foi o que nós quisémos... Muito bom e também sofrível.
Tudo por causa dos postes de (muito) alta tensão.
Na realidade, a única constante era a tensão, entre 110 e 220 kv, tudo era permitido. Ainda que sem (necessidade de) prévia avaliação de impacto ambiental...
Mas apesar das cefaleias (muitas, derivado do pouco sono e das horas tardias a que as reuniões de trabalho acabavam), do mal-estar (que certas alegações provocavam, sempre com o devido respeito, que é muito), do medo que o poste nos caísse em cima (já que há uma REN em cada um de nós e a avaliação impende sobre as cabeças como um enorme poste colocado "ao lado: porque ao lado é ao lado; assim, ao lado"), e dos insectos que nos invadiam o sono (que nos lembravam que havia uma petição para fazer, um tucano para alimentar, uma papagaio a quem dar as deixas, alegremente acompanhados pelas cotoveladas das mulheres), o Lugar do Ermo era um sítio bonito.
Em que a qualidade de vida sorria no meio de uma baforada de fumo expelido com um esgar de dor às 3 da manhã; em que a saúde era partilhada nos demasiados cafés pré-fabricados vindos de uma máquina com licenciamento de instalação e exploração duvidoso; em que o ecossistema rejubilava de vida quando os racionais animais de demitiam de emitir qualquer pensamento inteligível. E em que os bens jurídicos fundamentais - a cooperação, a amizade e o respeito - eram acerrimamente defendidos pela Associação Lugar do Ermo. E defendia porque, de vez em quando havia poluição, ruído, desrespeito pelo património natural e construído, desiquilíbrio do ecossistema, mas a certeza de que a Associação zelava pelos interesses dos particulares estava lá.
Sob pena de responsabilidade. Culposa ou não, o dano, a existir, deve ser indemnizado. Houve dano, é certo. A responsabilização... ? Não sabemos se vem ou não. Para o caso, que não para o Ambiente, não é relevante.
A Associação continuará a bater-se, com os meios de que dispõe, pelos interesses para que foi constituída. Através da Acção Popular, claro está, que a Constituição nos deu e é para ser usada. Para fins em pode ser directamente interessada. Porque o Ambiente, ou os ambientes, os bons, os sadios, os que permitem o desenvolvimento sustentado das personalidades são para preservar.
E os ambientes de Ambiente são-no. Tal como era o Lugar do Ermo (antes da actuação lesiva da Administração e do respectivo concessionário) e tal como vai voltar a ser, removidas que vão ser as instalações lesivas.
Porque nunca um direito fundamental - de todos e de cada um - pode ceder perante uma visão economicista, calculada, negligente e meramente conjectural do desenvolvimento sustentável. Este só se faz com o respeito por aqueles direitos que radicam na dignidade da pessoa humana. Porque sem Homens, não há ambientes, e não há Ambiente.
E, na metáfora dos ratos, quantos será preciso sacrificar para provar que há um dano?
Somos SÓ 6? Não! Somos todos! Mesmo que fossemos só um!


Ps- A Associação Lugar do Ermo elege membros honorários todos aqueles que:
1) tiverem lido este post até ao fim e
2) se interessam pelo Ambiente, tendo feito esta experiência tão enriquecedora!

Obrigado a todos.

João de Lemos Portugal

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