segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Moratória da soja

Caros colegas,

Eis aqui um bom exemplo de como a sociedade pode agir concretamente em defesa do meio ambiente e ter resultados, é o caso do movimento da "moratória da soja" no Brasil:

Nos últimos anos, o cultivo de soja se tornou uma das principais ameaças à floresta amazônica. A Amazônia é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Abriga cerca de 10% dos mamíferos do mundo e pelo menos 30% das espécies conhecidas de plantas – um único hectare chega a ter mais de 300 espécies de árvores. A região também é lar para centenas de povos indígenas, além de muitas comunidades tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas e quilombolas. A Amazônia é fundamental para a manutenção da biodiversidade, dos recursos hídricos, da manutenção do ciclo de chuvas e do equilíbrio climático do planeta. Porém, nos últimos anos, o cultivo de soja se tornou uma das principais ameaças à floresta amazônica. A expansão desenfreada do cultivo de soja na região, para satisfazer a crescente demanda por ração animal na Europa e na China, estimulou o desmatamento e trouxe consigo injustiça social e violência contra as comunidades locais.

Entre agosto de 2000 e agosto de 2005, a área total de florestas desmatadas na Amazônia foi de cerca de 129 mil quilômetros quadrados, mais da metade da superfície do Estado de São Paulo. Cerca de 75% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa resultam do desmatamento e queimadas, sendo a maioria na Amazônia – o que coloca o Brasil como o quarto maior poluidor do clima. A taxa de desmatamento anual caiu nos dois últimos anos, mas se o ritmo de destruição se mantiver, 40% da floresta estarão devastados até 2050, causando danos irreversíveis à biodiversidade e ao clima do planeta.

Em abril de 2006, após 12 meses de investigação, o Greenpeace publicou o relatório “Comenda a Amazônia”, dando início a uma intensa campanha, apoiada por comunidades locais de Santarém e Belterra – municípios do Pará severamente afetados pela presença de um porto graneleiro da multinacional Cargill. O relatório detalha como a demanda mundial por soja produzida na Amazônia alimenta a destruição da floresta, incentivando desmatamento ilegal, grilagem de terras, trabalho escravo e violência contra as comunidades locais. A soja plantada aqui é exportada para alimentar animais na Europa, que vão parar nas prateleiras de supermercados e redes de fast-food.

A rede McDonald’s foi a primeira a responder à pressão, eliminando a soja amazônica de sua cadeia de suprimentos e chamando outras empresas a fazer o mesmo. Trabalhando com o Greenpeace, várias empresas de alimentos européias e brasileiras aderiram à iniciativa, criando uma aliança histórica para pedir garantias de seus fornecedores brasileiros de que a soja comercializada por eles não causava desmatamento na Amazônia e obedecia às leis nacionais.

Em 24 de julho de 2006, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas respectivas associadas, incluindo as principais traders internacionais de soja – Cargill, Bunge, ADM, Dreyfus e o grupo brasileiro Amaggi –, anunciaram uma moratória de dois anos para a compra de soja proveniente de novas áreas desmatadas na Amazônia e a exclusão de fazendas que usam mão-de-obra escrava, a partir daquela data. De acordo com a Abiove, os membros das duas associações comercializam 92% da produção brasileira de soja.

Espera-se que a iniciativa complemente os esforços governamentais para parar o desmatamento, além de aumentar a governança, proteger a biodiversidade e trazer melhoria de qualidade de vida para as comunidades tradicionais. Se a implementação da iniciativa, entretanto, levar mais de dois anos para se realizar, o Greenpeace, outras organizações não-governamentais e as empresas consumidoras esperam que o período da moratória seja estendido.

Muito bem!

Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil

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